Conceitos Fundamentais da Filosofia IV
(Aristóteles)
Ser: Em Aristóteles já aprece o clássico problema relativo à possibilidade de expressão do universal, do infinito. O Ser, enquanto o maximamente universal, não pode ser expresso em termos de ente, mas o ente é que é uma expressão sua, do Ser. Em termos simples, o Ser não pode, dado o seu caráter de infinitude, ocupar o espaço finito do ente; o ente, pelo contrário, enquanto um modo finito do Ser, já sempre é desde o Ser.
Ente: Em latim é o particípio presente de o verbo ser, tempo verbal que não existe em português. A palavra chegou a nossa língua como substantivo. O ente é, então, a palavra para designar tudo aquilo que, indiferentemente, é. Desta forma, tudo o que pode ser pensado e dito é um ente.
Ato: Diz-se da atualidade de um ente, daquilo que ele é agora, enquanto é, enquanto está sendo.
Potência: Diz-se da possibilidade de um ente, daquilo que ele pode vir a ser, naquilo que ele pode se transformar enquanto ente. Não diz, contudo, que um ente possa deixar de ser o ente que ele é, mas apenas que, sendo o ente que ele é, ele pode assumir modos diversos de ele ser ele mesmo.
Substância: A essência de algo, aquilo que algo é e que, sendo, permite que ele suporte possibilidades. Nesse sentido, é porque algo é o que é, que ele pode experimentar mudanças, sem, contudo, evadir-se do caráter essencial de seu ser.
Acidente: Atributo não essencial de um ente, aquilo que pode vir a acontecer a um ente, mas que não nega a sua essência, isto é: o que é meramente casual.
Causa: Diz-se das condições segundo as quais algo passa do ato à potência, uma vez que essa passagem não é casual, mas causada.
Causa material: Diz-se da matéria de que algo é feito.
Causa formal: Diz-se da forma de algo, daquilo que algo propriamente é, uma vez que a forma designa o que algo é frente ao que não é: uma estátua em forma de pássaro e não de homem.
Causa eficiente: Diz-se do agente de algo, daquele ou daquilo que o produziu.
Causa final: Diz-se do objetivo, da intenção, da finalidade, da razão porque algo é o que é.
Idéia: Diferente de Platão, Aristóteles não pensava a idéia como algo inato, mas como uma construção que extraía da experiência particular um conceito geral. Para Aristóteles, portanto, a realidade sensorial não constituía o mundo das sobras, mas a fonte onde o filósofo deveria buscar a matéria-prima para a constituição do saber.
Experiência: Os dados da experiência sensível.
Ciência: A condição do saber dos princípios e das causas desde a sua articulação com as dimensões da experiência que constituía aquele saber.
Inferência: n substantivo feminino
Operação que consiste em, tomando por base experiências particulares, efetuar generalizações, isto é: sair do particular para o geral.
Dedução: n substantivo feminino
Processo de raciocínio através do qual é possível, partindo de uma ou mais premissas aceitas como verdadeiras (p.ex., A é igual a B e B é igual a C) a obtenção de uma conclusão necessária e evidente (no ex. anterior, A é igual a C). A dedução, portanto, diferente da inferência, parte do geral para o particular.
P.S: As operações lógicas inferência e dedução são complementares, embora para Platão o conhecimento propriamente dito tivesse como base a dedução, uma vez que todo conhecimento fosse, necessariamente, o conhecimento da Idéia, do universal, do conceito e esses inatos. Aristóteles, porém, admitindo que a ciência fosse o conhecimento do universal, não deixou de dizer que a fonte do universal fosse a experiência, de modo que, sendo a experiência o conhecimento do particular, a inferência seria o primeiro processo na ordem do conhecimento. A dedução, por conseguinte, seria o processo lógico desde a sedimentação do saber teórico em virtude da transformação do conhecimento empírico em conhecimento da causa, do princípio, do conceito.
sexta-feira, 17 de abril de 2009
Conceitos Fundamentais da Filosofia III
Conceitos Fundamentais da Filosofia III
(Platão)
Mundo: Totalidade significativa. Espaço de realização de tudo o que compõe o horizonte de sentido humano. Assim o mundo não é apenas as coisas que existem materialmente, mas o conteúdo imaterial das idéias. O mundo é, portanto, a totalidade do pensável.
Mundo das coisas sensíveis: A dimensão do mundo das coisas que se dão à sensibilidade humana e que, portanto, são perceptíveis pelo corpo, fonte das sensações.
Mundo das coisas inteligíveis: A dimensão do mundo das coisas que se dão à idéia, ao entendimento, e que, portanto, são compreendidas pela alma.
Corpo: A dimensão material do homem (as coisas também têm corpo, o que corresponde a sua matéria), que está sujeita à geração e à corrupção (nascimento, vida e morte) e que por ser assim perecível, produz e percebe coisas igualmente perecíveis. O conhecimento sensível dura o tempo exato da sensação.
Alma: A dimensão imaterial do homem, algo que só ele tem. A alma corresponde, desta forma, ao que no homem o conecta com os campos de sentido, de unidade. A alma é o lugar onde o homem já sempre deve estar para que possa pensar os princípios, os conceitos, as idéias. Sentido, princípio, idéia, unidade, conceito, por serem produtos da inteligência, cujo fundamento é a alma, essa que é imortal, são, como ela, eternos e imutáveis.
Sombras: produto do conhecimento sensível: aparências.
Luz: produto do conhecimento inteligível: real.
Sócrates: personagem platônico que por intermédio da dialética interpelava os transeuntes na praça publica de modo a questionar as suas opiniões (pré-conceitos, saber aparente, sobras) para conduzi-los, pela reflexão, à luz da verdade (conceitos, idéia, saber real).
(Platão)
Mundo: Totalidade significativa. Espaço de realização de tudo o que compõe o horizonte de sentido humano. Assim o mundo não é apenas as coisas que existem materialmente, mas o conteúdo imaterial das idéias. O mundo é, portanto, a totalidade do pensável.
Mundo das coisas sensíveis: A dimensão do mundo das coisas que se dão à sensibilidade humana e que, portanto, são perceptíveis pelo corpo, fonte das sensações.
Mundo das coisas inteligíveis: A dimensão do mundo das coisas que se dão à idéia, ao entendimento, e que, portanto, são compreendidas pela alma.
Corpo: A dimensão material do homem (as coisas também têm corpo, o que corresponde a sua matéria), que está sujeita à geração e à corrupção (nascimento, vida e morte) e que por ser assim perecível, produz e percebe coisas igualmente perecíveis. O conhecimento sensível dura o tempo exato da sensação.
Alma: A dimensão imaterial do homem, algo que só ele tem. A alma corresponde, desta forma, ao que no homem o conecta com os campos de sentido, de unidade. A alma é o lugar onde o homem já sempre deve estar para que possa pensar os princípios, os conceitos, as idéias. Sentido, princípio, idéia, unidade, conceito, por serem produtos da inteligência, cujo fundamento é a alma, essa que é imortal, são, como ela, eternos e imutáveis.
Sombras: produto do conhecimento sensível: aparências.
Luz: produto do conhecimento inteligível: real.
Sócrates: personagem platônico que por intermédio da dialética interpelava os transeuntes na praça publica de modo a questionar as suas opiniões (pré-conceitos, saber aparente, sobras) para conduzi-los, pela reflexão, à luz da verdade (conceitos, idéia, saber real).
Conceitos Fundamentais da Filosofia II
Conceitos Fundamentais da Filosofia II
(Sofistas e Sócrates)
Sofistas:
Verdade: Para os sofistas a verdade não existia, como algo em si, como uma substância, portanto era ela relativa ao sujeito que fosse capaz de defender uma posição.
Convencimento: Na medida em que a verdade não existe, ela não deve ser ensinada, demonstrada, apresentada etc., mas manipulada, de modo a convencer, a quem quer seja, segundo o interesse de quem diz.
Kayrós (momento oportuno): Diz respeito às circunstâncias onde é propício ou não defender uma posição. De acordo com a oportunidade pode ser defendido que A é A ou que A é B.
Forma: Diz-se do modo, da maneira, do jeito peculiar de algo, sem levar em consideração o seu conteúdo. Em termos objetivos, é o como e não o quê. Em relação à dialética, diz respeito à qualidade do discurso, a dimensão retórica do dizer.
Conteúdo: É o caráter interno de algo, aquilo que se quer passar, reter ou alcançar. É a substância a que se deve orientar o discurso quando se dispõe à verdade. Dizer algo implica mostrar e fazer ver aquilo sobre o que se diz. O conteúdo é, portanto, o quê, não o como, embora o como, isto é, a forma, quando bem constituído e orientado a um fim (quê), contribui de modo decisivo àquilo de que é a estrutura formal.
Como: Modo, maneira, forma, jeito.
Quê (quid, qüididade): Substância, conteúdo, fim, bem.
Sócrates:
Método (através do caminho): Aquilo que se faz, se constitui, através de um meio que se orienta a determinados fins. Diz do processo racional segundo o qual algo é alcançado por intermédio da reflexão, da especulação, da razão, do pensamento, enfim.
Ironia (pergunta, indagação, questão): Primeira parte do método socrático que consiste em perguntar fingindo, metodicamente, ignorância. Diz respeito ao modo de perguntar que questiona as verdades sedimentadas, irrefletidas, imediatas do senso comum, de modo a despertar naquele que pretensamente sabe a ignorância relativa àquilo que pensava saber. Por questionar às verdades pré-estabelecidas, essa parte do método é considerada destrutiva.
Maiêutica (dar à luz, parir): Segunda parte do método socrático que consiste em reconduzir o sujeito, depois de esse ter quebrado o paradigma do pré-conceito, à verdade fundada na reflexão, na razão. Por restabelecer a ordem da verdade, essa segunda parte do método é considerada construtiva.
Verdade: Diferente do contexto sofístico, a verdade para Sócrates, a despeito de ele alegar ignorância, era algo possível, de modo que poderia ser alcançada pela reflexão (método).
Ignorância: A ignorância socrática é uma posição metodológica, isto é, um princípio formal que determina a pressuposição do não-saber como condição para alcançar a verdade. Assim, a ignorância diz: se não suponho saber, o saber é possível; mas se suponho saber, não posso saber, porque simplesmente ignoro que não sei.
Conceitos de Apoio
Dialética (diálogo): No platonismo, processo de diálogo, debate entre interlocutores comprometidos profundamente com a busca da verdade, através do qual a alma se eleva, gradativamente, das aparências sensíveis às realidades inteligíveis ou idéias.
(Sofistas e Sócrates)
Sofistas:
Verdade: Para os sofistas a verdade não existia, como algo em si, como uma substância, portanto era ela relativa ao sujeito que fosse capaz de defender uma posição.
Convencimento: Na medida em que a verdade não existe, ela não deve ser ensinada, demonstrada, apresentada etc., mas manipulada, de modo a convencer, a quem quer seja, segundo o interesse de quem diz.
Kayrós (momento oportuno): Diz respeito às circunstâncias onde é propício ou não defender uma posição. De acordo com a oportunidade pode ser defendido que A é A ou que A é B.
Forma: Diz-se do modo, da maneira, do jeito peculiar de algo, sem levar em consideração o seu conteúdo. Em termos objetivos, é o como e não o quê. Em relação à dialética, diz respeito à qualidade do discurso, a dimensão retórica do dizer.
Conteúdo: É o caráter interno de algo, aquilo que se quer passar, reter ou alcançar. É a substância a que se deve orientar o discurso quando se dispõe à verdade. Dizer algo implica mostrar e fazer ver aquilo sobre o que se diz. O conteúdo é, portanto, o quê, não o como, embora o como, isto é, a forma, quando bem constituído e orientado a um fim (quê), contribui de modo decisivo àquilo de que é a estrutura formal.
Como: Modo, maneira, forma, jeito.
Quê (quid, qüididade): Substância, conteúdo, fim, bem.
Sócrates:
Método (através do caminho): Aquilo que se faz, se constitui, através de um meio que se orienta a determinados fins. Diz do processo racional segundo o qual algo é alcançado por intermédio da reflexão, da especulação, da razão, do pensamento, enfim.
Ironia (pergunta, indagação, questão): Primeira parte do método socrático que consiste em perguntar fingindo, metodicamente, ignorância. Diz respeito ao modo de perguntar que questiona as verdades sedimentadas, irrefletidas, imediatas do senso comum, de modo a despertar naquele que pretensamente sabe a ignorância relativa àquilo que pensava saber. Por questionar às verdades pré-estabelecidas, essa parte do método é considerada destrutiva.
Maiêutica (dar à luz, parir): Segunda parte do método socrático que consiste em reconduzir o sujeito, depois de esse ter quebrado o paradigma do pré-conceito, à verdade fundada na reflexão, na razão. Por restabelecer a ordem da verdade, essa segunda parte do método é considerada construtiva.
Verdade: Diferente do contexto sofístico, a verdade para Sócrates, a despeito de ele alegar ignorância, era algo possível, de modo que poderia ser alcançada pela reflexão (método).
Ignorância: A ignorância socrática é uma posição metodológica, isto é, um princípio formal que determina a pressuposição do não-saber como condição para alcançar a verdade. Assim, a ignorância diz: se não suponho saber, o saber é possível; mas se suponho saber, não posso saber, porque simplesmente ignoro que não sei.
Conceitos de Apoio
Dialética (diálogo): No platonismo, processo de diálogo, debate entre interlocutores comprometidos profundamente com a busca da verdade, através do qual a alma se eleva, gradativamente, das aparências sensíveis às realidades inteligíveis ou idéias.
Assinar:
Postagens (Atom)