sexta-feira, 17 de abril de 2009

Conceitos Fundamentais da Filosofia IV

Conceitos Fundamentais da Filosofia IV
(Aristóteles)

Ser: Em Aristóteles já aprece o clássico problema relativo à possibilidade de expressão do universal, do infinito. O Ser, enquanto o maximamente universal, não pode ser expresso em termos de ente, mas o ente é que é uma expressão sua, do Ser. Em termos simples, o Ser não pode, dado o seu caráter de infinitude, ocupar o espaço finito do ente; o ente, pelo contrário, enquanto um modo finito do Ser, já sempre é desde o Ser.

Ente: Em latim é o particípio presente de o verbo ser, tempo verbal que não existe em português. A palavra chegou a nossa língua como substantivo. O ente é, então, a palavra para designar tudo aquilo que, indiferentemente, é. Desta forma, tudo o que pode ser pensado e dito é um ente.

Ato: Diz-se da atualidade de um ente, daquilo que ele é agora, enquanto é, enquanto está sendo.

Potência: Diz-se da possibilidade de um ente, daquilo que ele pode vir a ser, naquilo que ele pode se transformar enquanto ente. Não diz, contudo, que um ente possa deixar de ser o ente que ele é, mas apenas que, sendo o ente que ele é, ele pode assumir modos diversos de ele ser ele mesmo.

Substância: A essência de algo, aquilo que algo é e que, sendo, permite que ele suporte possibilidades. Nesse sentido, é porque algo é o que é, que ele pode experimentar mudanças, sem, contudo, evadir-se do caráter essencial de seu ser.

Acidente: Atributo não essencial de um ente, aquilo que pode vir a acontecer a um ente, mas que não nega a sua essência, isto é: o que é meramente casual.

Causa: Diz-se das condições segundo as quais algo passa do ato à potência, uma vez que essa passagem não é casual, mas causada.

Causa material: Diz-se da matéria de que algo é feito.

Causa formal: Diz-se da forma de algo, daquilo que algo propriamente é, uma vez que a forma designa o que algo é frente ao que não é: uma estátua em forma de pássaro e não de homem.

Causa eficiente: Diz-se do agente de algo, daquele ou daquilo que o produziu.

Causa final: Diz-se do objetivo, da intenção, da finalidade, da razão porque algo é o que é.

Idéia: Diferente de Platão, Aristóteles não pensava a idéia como algo inato, mas como uma construção que extraía da experiência particular um conceito geral. Para Aristóteles, portanto, a realidade sensorial não constituía o mundo das sobras, mas a fonte onde o filósofo deveria buscar a matéria-prima para a constituição do saber.

Experiência: Os dados da experiência sensível.
Ciência: A condição do saber dos princípios e das causas desde a sua articulação com as dimensões da experiência que constituía aquele saber.

Inferência: n substantivo feminino
Operação que consiste em, tomando por base experiências particulares, efetuar generalizações, isto é: sair do particular para o geral.

Dedução: n substantivo feminino
Processo de raciocínio através do qual é possível, partindo de uma ou mais premissas aceitas como verdadeiras (p.ex., A é igual a B e B é igual a C) a obtenção de uma conclusão necessária e evidente (no ex. anterior, A é igual a C). A dedução, portanto, diferente da inferência, parte do geral para o particular.

P.S: As operações lógicas inferência e dedução são complementares, embora para Platão o conhecimento propriamente dito tivesse como base a dedução, uma vez que todo conhecimento fosse, necessariamente, o conhecimento da Idéia, do universal, do conceito e esses inatos. Aristóteles, porém, admitindo que a ciência fosse o conhecimento do universal, não deixou de dizer que a fonte do universal fosse a experiência, de modo que, sendo a experiência o conhecimento do particular, a inferência seria o primeiro processo na ordem do conhecimento. A dedução, por conseguinte, seria o processo lógico desde a sedimentação do saber teórico em virtude da transformação do conhecimento empírico em conhecimento da causa, do princípio, do conceito.

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